Suas palavras machucam meus ouvidos, mas sua voz é tão doce que eu não me importo, te suplico que continue a falar. Suas palavras escorregam por mim e cavam buracos. Sua mão continua apertando minha garganta me desafiando a te enfrentar, a falar mais alto, a te empurrar de mim. Meus pulmões não absorvem oxigênio e o mundo parece rarefeito. Em suspiros sôfregos, me perco na escuridão de seus olhos e não entendo o que eles dizem para mim. São belos. Continuo a afundar, a me perder. Sangro e meu sangue são seus versos. Desintegro, mas o coração ainda bate se negando a deixar a casca que somente existe. Você já usurpou o que tinha para levar.
segunda-feira, 26 de março de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
Tudo tem acontecido muito rápido. Cedo demais já é tarde. Apagamos as linhas que escrevem nossa história, traçam nossos mapas e, por isto, nos perdemos no labirinto de ser. Cedo demais jogados aos leões e não temos nenhuma fé, porque não há deus que não nós mesmos, jovens e imbatíveis. Qualquer dia depois é relíquia. Nossos corpos permanecem os mesmos, é nossa alma quem apodrece.
Tempos de guerra
Bombas explodem do lado de fora de nossas cabeças. Não as vemos, apenas sentimos seus impactos. E não importa, desde que não sejamos nós a incinerar.
Os dias bonitos, eles se foram. O sol ainda não se pôs, mas vamos muito rápido para perceber seu brilho. Fechamos os olhos até ficarmos cegos, atrofiados.
E então? Nada mais interessa senão nós mesmos, nossos desejos e pseudo necessidades. Agora estamos muito contaminados para nos importar. Qualquer tentativa parece oca e é sempre silenciosa. Um ruído a qual não damos atenção porque emprestamos nossos ouvidos às bocas erradas.
Pensamos e queremos ontem, velhos rabugentos e amargurados. É tarde demais, já se passou muito tempo. Que valor tem a promessa dos sonhos se roubou nossa liberdade?
quinta-feira, 22 de março de 2012
Oscilar
Nunca estamos felizes. Nossa mente, nossa perfeita máquina do tempo, nos guia para trás e para frente num balanço suave, mas enjoativo. Um pêndulo que nunca pára no meio que é exatamente onde deveria estar. Presente é só o nome, porque, na verdade, estamos todos perdidos. Seja a frente ou atrás. Todos nós caminhando, correndo, urrando, sussurrando, batendo, apanhando, mas abstentes. Sempre ausentes.
Vou para frente por não ter herois suficientes para olhar atrás. Meu interesse é superficial e eu nunca quis mergulhar em alguém. As semelhanças me encantam, mas basta. Somente a loucura me atrai e o passado já é um velho conhecido.
Por isto, escolho o futuro, o finito infinito, o provável improvável, o mais certo incerto. Nele tudo pode porque ninguém sabe ao certo o que será. Mal sabemos se haverá. Vivemos pela chance de sim, petulantes o bastante para ter a certeza de possuí-lo, e as vezes - Deus perdoe nossa audácia -, governá-lo.
O problema é que o futuro vira presente e então passado sem corresponder ao sonho que sonhei. Talvez porque eu apenas me contentei em somente ter um sonho e/ou sou covarde e insuficiente de quebrar as correntes que separam da vida que quero para mim. E fica para outro futuro e outro futuro até que todos se esgotem. Sobra então a morte, sua certeza e seu medo cru. E mesmo lá, irei inventar um futuro mais ameno numa suposta reencarnação.
O relógio - infeliz, feliz e realmente - não tem treze horas. A hora de acordar é agora e a de viver também. Abusar. Dar a si mesmo o prazer de ter prazer. Não com obrigação, irresponsabilidade ou culpa, mas com verdade, sonho, realidade, humanidade. Largar a gaiola, a que você construiu e a que construíram para você. Porque no final é você quem vai ter de lidar com o preço de suas próprias escolhas. O pêndulo ondula, mas nunca pára. Assim como o tempo que passa, mas nunca volta.
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