Encaro o piano. Será que na ânsia de subsistir, arranquei os braços? O que antes eram páginas de possibilidades, hoje são ideias sôfregas e embebidas de impossibilidade. Porque eu não sou. Porque eu não sei.
Será que eu mesma podei minhas asas? E sigo mutilada. A esmo, desiludida e cansada. Sem fim, começo ou meio. Só vontades que nunca serão. Alegrias de verão em verão.
Será que eu mesma podei minhas asas? E terei para sempre que conviver com os fantasmas. De tudo que poderia (tudo o que eu queria) ter sido e não fui.