A casa estava vazia, exceto por mim. A única luz que me iluminava era a pálida iluminação da rua que passava pelas janelas formando sombras fantasmagóricas nas paredes e cantos. Era minha última noite aqui, esperava-se que eu estivesse nervosa, planejando o amanhã, mas tudo que eu pensava era em você.
Na minha frente estava à caixa onde eu guardara tudo que era significativo para nós, abri-a com um sorriso e lágrimas se formando no canto dos olhos. Um conto de fadas descrito por cada objeto, no entanto sem um final feliz. Mas no fim, não há finais felizes apenas paramos de contar a história onde é interessante. Não há finais felizes porque todos nós morremos. Cedo ou tarde, seremos separados por algo que não podemos controlar e tudo que restará é dor e falta. Infelizmente, para você - para nós - foi cedo. Cedo demais; Você foi tirado de mim e tudo perdeu o sentido.
A morte não é algo simples. A morte está em tudo, em cada detalhe, onde quer que eu preste atenção. A cada lembrança, a cada vez que eu acordo e você não está ao meu lado, a cada vez que procuro a sua mão para achar segurança e encontro o vazio, é a morte se repetindo. É a dor da perda me corroendo de novo e isso não é algo com o qual você se acostume. Por muito tempo não pude entender o sentido da sua partida e estaria mentindo se dissesse que o entendo agora. Culpei os céus, a você, a mim, ao mundo... Mas no final ninguém tinha culpa e a saudade continuava implacável em meu peito.
Muitas vezes prometi não abrir mais esta caixa, ciente de que não me fazia nenhum bem relembrar uma vez que só traria mais falta. No entanto, a idéia de deixar de lado me fazia pensar que eu estava esquecendo você e isso doía mais do que tudo. “Deixa de existir quando some tudo que o representa”, eu não deixaria você sumir. Então mantive o seu amor vivo em mim, mantive aqui nossas lembranças e me consolei na idéia de que assim você ainda estava aqui em algum lugar. Quando as noites eram muito frias, quando o medo me corroia, tudo que eu me lembrava era de você. Podia sentir você aqui de novo e, de certa forma, as coisas ficavam mais fáceis mesmo que depois eu tivesse que enfrentar a verdade.
Observei a caixa a minha frente, vendo pedaços da nossa vida refletida ali e lançando-me no exercício das lembranças mais uma vez. Talvez pela última vez.
P.S.: Então, estes são os parágrafos iniciais de um conto que eu estou escrevendo e quase terminando. Não sei por que, mas deu vontade de dividir. Espero que gostem.
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