Não sei quando, mas em algum momento da minha vida, por razões que eu ainda desconheço, perdi certo contato com a realidade. Como se um dos fios que me conecta tivesse sido cortado e me permitido flutuar. Como se eu tivesse mergulhado e nunca mais emergido. Permaneço suspensa, em apneia.
Incompreensível até para eu mesma. Uma culpa amarga vai perguntando por quê. Por que abrir os olhos e duvidar de tudo? Por que viver tanto só para dentro de você? Tão dentro que nem você é você mesma. Tão dentro que um dia até você vai se perder. E o medo frio. Medo que me aplaca, anestesia todas as vezes que eu enxergo mas não vejo. Não vejo laços, não vejo pessoas, apenas estranhos. Até mesmo aquela do outro lado do espelho.
Cinco, dois, três segundos até eu me convencer e então tudo segue seu curso outra vez. Só que aquele tempo é o bastante para me fazer perguntar questionar outras horas o que há de errado. Porque, lá no fundo, quando eu volto o gosto é plástico. Plástico sabor mentira.
E, de todos os mundos que existem em minha cabeça, o que eu menos acredito é exatamente o que eu vivo. E a fé que esquenta meu coração é a unica insanidade absoluta. Existirá um meio termo? Ou eu posso parar de lutar contra minha gravidade e finalmente me entregar a minhas divagações? O silêncio é quase o mesmo de nossas conversas.