sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Underwater

Não sei quando, mas em algum momento da minha vida, por razões que eu ainda desconheço, perdi certo contato com a realidade. Como se um dos fios que me conecta tivesse sido cortado e me permitido flutuar. Como se eu tivesse mergulhado e nunca mais emergido. Permaneço suspensa, em apneia.
Incompreensível até para eu mesma. Uma culpa amarga vai perguntando por quê. Por que abrir os olhos e duvidar de tudo? Por que viver tanto só para dentro de você? Tão dentro que nem você é você mesma. Tão dentro que um dia até você vai se perder. E o medo frio. Medo que me aplaca, anestesia todas as vezes que eu enxergo mas não vejo. Não vejo laços, não vejo pessoas, apenas estranhos. Até mesmo aquela do outro lado do espelho.
Cinco, dois, três segundos até eu me convencer e então tudo segue seu curso outra vez. Só que aquele tempo é o bastante para me fazer perguntar questionar outras horas o que há de errado. Porque, lá no fundo, quando eu volto o gosto é plástico. Plástico sabor mentira.
E, de todos os mundos que existem em minha cabeça, o que eu menos acredito é exatamente o que eu vivo. E a fé que esquenta meu coração é a unica insanidade absoluta. Existirá um meio termo? Ou eu posso parar de lutar contra minha gravidade e finalmente me entregar a minhas divagações? O silêncio é quase o mesmo de nossas conversas.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sobre chamas e velas

O que seria? A unica certeza, a pungente dúvida? Aquilo que acontece fora da minha janela, que eu vejo pela televisão. Na maior parte do tempo, deixo ser. Esquecendo que o coração fica mais cansado a cada segundo e que cada segundo é um adeus. Até ficarmos sóbrios do finito e bebermos para fingir que fazemos, para fingir que vemos, vivemos.
Eu só queria te entender ao invés de perder. Sentir que estou avançando em alguma coisa ou direção. Não pensar que tudo é erro. Só que alguém transviou meu manual e eu me perdi. Me perguntei como deve ter sido para alguém se esvair conscientizado, agora só consigo pensar em mim. O tempo de uma vida é nada e ainda assim é tanta coisa. E isto me confunde, dois pesos e duas medidas. Ainda espreita o fantasma do definitivo final.
Não quero que minha estrada chegue ao fim e sinto que serei atropelada no meio dela. Será que só assim se encontra tempo para olhar para o céu?

sábado, 10 de dezembro de 2011

Maré

Estou pulando de meu pequeno barco. Primeiro por diversão, mas a maré está alta, quase fora de meu alcance, e me leva para longe. Oscilo entre as ondas, o mar e o ar. O sal rasgando minha garganta.
Onde estão as mãos para me trazerem de volta? Não existem. Melhor ficar mesmo no mar. O coração navegador obedece a ode, aponta para fé e rema. Mas é muito mar, tanto mar e maresia. Tão fácil desistir. Só que para onde voltar? Só tem mar.