Este frio. Este medo perene que corre por minhas veias e consome minha carne.
Este medo. Este frio que me faz questionar: é este o caminho certo? Mas minha resposta é o silêncio dos paralelepípedos gelados e cinzas. É o eco de minha pergunta nas paredes indiferentes e sujas dos arranha-céus. O medo me lava, enxágua, torce e a afoga de novo.
Eu tenho que tentar. Eu tenho que tentar. Eu tenho que tentar. Parte de mim grita.
E se der errado? E se der errado? E se der errado? Outra eu responde.
Só se cresce ao se desafiar. Só se sangra quando se luta. Só se descobre ao enfrentar o desconhecido.
Eu só não sei se tenho coragem. A única certeza é o medo que me mantém dançando. O medo de ir e falhar, o medo de ficar e se arrepender. O medo de estar sozinha de novo.
Falar não faz nada disso ir embora. Agir também não. Sei que o medo é coisa que só o tempo e o resultado carregam, para dar lugar ao sabor de vitória ou falência. Por vezes, ambos.
Cerrar os dentes e seguir em frente, para um ou outro caminho, para os dois. Sentindo os tornozelos afundarem na lama gélida que é a vulnerabilidade de fazer uma escolha. Sentindo o peso se se prender a um mundo de se's.
E eu que achava que a aprovação era o fim de todas as dúvidas. Era fim, mas apenas de um capítulo.