No início, matriz e primeira. Ali: invisível, ordinária e monótona. Uma compilação de rotina, frustração, palavras e devaneio que submerge sem nunca encontrar fundo. Vai sem razão, sem paixão, sem vida, arrastado pela correnteza como pedra morta no vazio infinito do que poderia ser. Afunda ainda com esperança de estar sobreaguando ao inundar.
Paralelo, brilha uma outra vida cheia de cor e vazio. Náiades louvam seus encantos, cantam sobre promessas que foram realidade. E você dança sobre a pálida luz de dias que duraram anos, ao som de uma alma singular e lúdica. Mas você não pode nadar neste rio... E um gole d'água parece tão pouco. A garganta arde e queima, certas vacâncias que a seiva não consegue calar. Durou uma canção. Estes foram seus mais adoráveis cinco minutos.
No meio e a frente, em tímida companhia caminha equilibrista. O que foi, o que é, o que será. Oscilando novamente entre o ontem e o amanhã, entre o amanhã e o nunca. Sou a teia, o inseto e a aranha. Incerta e insegura, caio cada vez mais em minha própria emboscada. Poderia ser real, se real fosse suficiente. Quem quer trilhar de novo seus passos remotos e omissos? Não me incomodo de calçar sapatos que não são meus e dizer que cabem, não fosse o risco de escorregar. O precipício, quatro olhos negros, cravados em meu medo de apenas ser. A teia é um vício. A teia é um vício porque o concreto nunca foi suficiente. As náiades doces... A amarga distância. A morte iminente. Viver: como e aonde?