terça-feira, 24 de maio de 2011

Erro gramatical

Ah, eu achei que era ponto. Realmente achei que era ponto final. E comemorei como ponto, vi como ponto, sofri como ponto, sorri como ponto. Vi os créditos subirem, as considerações editoriais aparecerem, o bônus crescendo no canto da tela. Mission Complete. Depois de 1800 páginas, um final.
E não era ponto. Não final, pelo menos. Era parágrafo num novo tom. O início de uma nova estrofe. Se antes te amava e fazia o resto enquanto, hoje faço tudo e só te amo de vez em quando.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Em três vidas inteiras

Meu coração acelera. Bate quente a despeito de sua pele fria. Cinco anos de espera, vinte segundos de abraço. Seu sorriso para sempre guardado em meus olhos que esperam por outros, outros e outros. Ai este meu amor, que cabe em três vidas inteiras... Vai embora a espera, a esperança, até mesmo o sentimento de que poderia ter sido melhor. Fica a saudade. Saudade do que eu agora conheço. Ai este meu sonho de olhos abertos... Que eu ao menos eu acorde novamente em seus braços.

sábado, 14 de maio de 2011

Rojo

As pessoas observam seu rosto seu expressão, os olhos ainda abertos e desfocados que encaram o nada, o sangue agora frio que fugiu das veias, o corpo agora vazio. Não imaginam o que havia acontecido ali. Não veem aquele homem como um pai, um filho, um amor, um irmão. Enxergam apenas a remota lembrança do que se tornou, porque o calor daquele corpo há muito fora embora carregando sua alma.
No fim, não fora uma luta entre dois homens, foram murros de ideias. Simplesmente porque não conseguimos aceitar o pensar dos outros, fomos feitos para a ditadura de nós mesmos. "Não levante a sua voz" gritamos. E no final, como julgar quem é certo? Porque esta certeza vem acompanhada de preceitos. E quais deles são neutros? Seguimos numa constante luta entre você e os outros. As vezes até você e você mesmo. Tanta coisa aqui dentro que eu não consigo colocar para fora.
No fim, foram dois homens inflamados um contra o outro. Uma guerra física em defesa do abstrato que mantinham em mente. Medo, dor, paixão, semelhantes, antagônicos e espelhados. E Vale a pena? Estou certo? O que é certo? Um amanheceu morto. Sem perspectivas, sonhos ou mesmo a ideia que o matou. Fará diferença? O que é verdade? Não há verdade. Não é pedida a aceitação, mas o entendimento; O mínimo respeito.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Fugaz

As vezes deixamos para o amanhã. As vezes planejamos, sonhamos demais. Não contamos com o ponto final de outros em nossa própria história. Não permitimos, mas ainda assim temos a intervenção. Um ponto final que talvez deixe tudo mal terminado e que quase nunca é nossa escolha. Vida é vento. É psicografia de nós mesmos como alma que, ao menor sopro, foge.