domingo, 29 de julho de 2012

O baú, a máquina e o mistério

De vez em quanto a vida atola. Acho que eu estou assim de novo. Folheando o livro para trás e para frente, enrolando um pouco no monólogo chato do agora. Não sei se é coisa que eu aprendi na terapia, sei que estou tentando em tudo. Entre mortos e feridos, é eficiente nos estudos.
Acho triste perceber o bege amargurado de tudo. Dos poucos anos de olhos perdidos numa doutrina sufocante aos dias de copos de coragem. Ainda não descobri o que falta, mas até acho que estou um pouco mais feliz. Só sei que hoje não sou nem um pouco o que esperava ser ontem e isto me dá esperanças para o amanhã.
A miopia dos olhos funciona pra alma e eu não coloco os óculos para ler meus próprios avisos. Continuo seguindo a vinte quilômetros por hora e lá fora, a velocidade da luz. De vez em quando, o susto das batidas me acorda e eu tento seguir mais um pouquinho, mas depois me contento que nasci para ser assim. O que é legal quando se é Woody Allen, Schopenhauer ou Bukowsi. E fica bem mais chato e menos poético quando posto a prova.
No entanto, será que adianta mudar? Mudei tantas vezes e continuo a mesma. Ainda assim, tão diferente. Pensar no caso arrasta perguntas e histórias para quais ainda não achei resposta. Nem acho que vá achar. Vou seguindo em marcha lenta para depois ver no que dá.  

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Destopia.

Os gritos são eco de um passado. Da minha janela, assisto a procissão de meninas nuas. E o que dizem, eu não entendo. Não é uma língua estrangeira, é o silêncio. Porque não há causa senão causar. Me explique, querida, suas propostas. Se é que você as tem.
O problema é que tudo parece muito forçado. A alternativa foi por água abaixo e a tentativa parece opressão. Porque você carrega os seus livrinhos, porque você quer se separar da massa burra, então vamos declamar por aí nossos falidos discursos vermelhos. Vamos falar, mas não entender ou fazer, revolução. Nós nem entendemos o que vivemos, os ventríloquos que somos.
Segue o silêncio. Segue a mentira. Cresce a desilusão.