segunda-feira, 8 de abril de 2013

Marco Feliciano e o que eu penso.

Todo dia a gente é bombardeada de coisa que não quer ver. Depois que inventaram rede social então, a vida é uma compilação de informações desnecessárias sobre a vida dos outros e uma exposição das nossas. E não falo isso achando bom ou ruim, só para constatar mesmo.
É só que atualmente a coisa ficou ainda mais chata. Toda esta palhaçada do Feliciano e etc... Muita gente dando opinião e pouca gente parando pra entender mesmo o problema. Pensar a questão além de seus preconceitos, seja homossexual ou religioso, conservador ou progressista. Esta situação acaba gerando um ódio louco que só dificulta ainda mais qualquer discussão racional e qualquer avanço. Sei lá, mas eu acredito que ouvir é importante. Como disse um amigo meu, não se combate opressão sendo opressor.
Em minha opinião – e não as divido como se fosse verdade universal, a panacéia para humanidade ou solução absoluta, é só parte do que eu penso – Marco Feliciano deveria sim deixar a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Por quê? Sem querer ser clichê, mas ele claramente não as representa. Como mulher, faço parte de uma minoria. Uma minoria que, apesar de avanços com o tempo, segue sendo oprimida de diversas formas. A violência doméstica, a cultura do estupro, o tabu que é a legalização do aborto, salários mais baixos, enfim, são diversas questões que afligem a mulher hoje em dia e que são faladas, mas raramente discutidas a sério. No entanto, o presidente da comissão criada para representar e defender os meus direitos critica e se diz contra reivindicações e conquistas de um movimento criado para me proteger (http://oglobo.globo.com/pais/marco-feliciano-diz-que-direitos-das-mulheres-atingem-familia-7889259). Sem dizer suas declarações absurdas contra negros e homossexuais, aos quais ele também deveria defender. Como confiar a um homem desses o debate e defesa dos meus direitos quando ele é claramente contra eles? Se a comissão trata dos meus direitos, não é importante que quem a presida e a componha sejam pessoas nas quais me vejo representada? 
No entanto, não questiono seu lugar na Câmara de Deputados. Afinal de contas, se ele está lá é porque foi votado – assim como Romário, Tiririca e outras escolhas duvidosas (ressaltando que são escolhas duvidosas no meu ponto de vista, que é meu e não necessariamente vai de encontro ao que você pensa). Claramente o posicionamento dele representa o pensamento de uma parcela da sociedade. Parcela esta que não pode ser condenada por suas opiniões, por mais que elas pareçam retrógradas ao seu ponto de vista, é a opinião dela e ela tem o direito de defendê-las e exprimi-las tanto quanto você. Desde que o respeito exista, é claro.
Por outro lado, hoje vi alguém compartilhar uma campanha defendendo a cassação do mandato do deputado Jean Wyllys. Precisa dizer que o mesmo principio se aplica aqui? O cara pode não defender o que você pensa, mas ele está defendendo os direitos de alguém. Foi eleito e tem todo o direito de estar lá também. Lembrando que democracia não é uma ditadura da maioria, mas garantir os direitos individuais e das minorias, apesar de respeitar a vontade da maioria. Existe uma diferença. Além do mais, caluniar alguém pra garantir seu ponto de vista é baixo. E, para os religiosos de plantão, “não levantarás falso testemunho contra o seu próximo, nem mentirás”. Um dos dez mandamentos, lembra? Confiram suas fontes antes de saírem compartilhando besteiras.

Acho que se tem uma coisa boa a ser tirada de todo este circo é que pelo menos a sociedade está discutindo a questão homoafetiva no Brasil (ta, pode ser que não seja bem assim, mas eu gosto de ser otimista). Pro bem ou pro mal, você liga a tv/o computador,  é confrontado com todas estas notícias/pontos de vista e obrigado a pensar. Já é alguma coisa.  

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