Eu encarava seus olhos. Foram
a primeira coisa a chamar minha atenção quando te conheci, seus olhos.
Espertos, curiosos, profundos. Traziam um enigma que eu me propus a desvendar.
A grama estava verde, o vento ameno, um raro dia de sol. Minhas mãos
entrelaçadas as suas, mas eu sentia frio. Você estava ao meu lado, mas eu me
sentia distante.
E eu encarava seus olhos
pensando que eram os mesmos que há dois anos eu vi. Encarava seus lábios
lembrando incontáveis vezes que o beijei. Olhava o seu cabelo, mudando de cor
com os raios de sol, balançando suavemente com a brisa da tarde; Pensei no seu
cheiro de perfume e cigarro que eu sentiria se me aproximasse o bastante. No
suéter de lã que eu odiava, porém você continuava usando, então eu acabei por
gostar. Eu ouvia a sua voz, animado por qualquer coisa – um filme, um trabalho,
um jogo – e sorria com seus dedos entre os meus, mas lágrimas se acumulavam em
meus olhos e fechavam minha garganta a qualquer palavra.
Continuava pensando: é ele, o
cara que você ama desde que conheceu naquela aula. O que segurou sua mão, com
quem você brigou e se reconciliou diversas vezes, com quem você se abriu mais
do que com qualquer outra pessoa no mundo, que te entende sem que você precise
falar, o cara que te faz sentir em casa não importa onde vocês estejam. Ele é o
mesmo cara.
Mas eu não sou a mesma. E, se
eu for ser sincera, você também não é. Dá para perceber pelo sorriso sem graça,
pela conversa vazia que rareia aqui e ali. Nós crescemos. A vida aconteceu e
não deixou espaço um para o outro. Um hiato que eu não vi nascer ou crescer,
mas está aqui.
Então eu olho para os dias em
que desejei ser para sempre... Era verdade. Só porque não é hoje, não quer
dizer que não foi um dia. Porque nós fomos feitos para estarmos juntos, não
quer dizer que vá durar para sempre. Eu ainda te amo, mas não mais desse jeito.
Nós crescemos
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